sábado, julho 19, 2008

Gaspard de la Nuit.




Argerich, mais uma vez, neste poema sobre a vida,
mas sobretudo, a morte.

O segundo andamento, musicado em torno do poema
Le Gibet (A Forca), apresenta um fundo em Si bemol tocado 153 vezes:

"Ah! o que ouço, será o latir da nortada nocturna, ou o enforcado
que solta um suspiro no patíbulo do cadafalso?
.
Será algum grilo que canta alapado no musgo e na hera estéril
de que por compaixão reveste a madeira?
.
Será uma mosca à caça tocando o clarim em roda desses ouvidos
alheios à fanfarra dos hallalis?
.
Será um escaravelho que colhe em seu voo desigual um cabelo
sangrento no seu crânio calvo?
.
Ou será uma aranha que borda meia vara de musseline para
gravata dessa gola estrangulada?
.
.
.
É o sino que tine nos muros da cidade, debaixo do horizonte, e
a carcaça de um enforcado envermelhada pelo pôr do sol"...


.


A hora já está marcada, e é inamovível.



Ensina-me, ó Poeta,
a beijar a morte
nos lábios da vida...
.
.
.
A hora já está marcada, e é inamovível.
.
Beija-me.