domingo, abril 27, 2008
terça-feira, abril 22, 2008
Noite no Monte Calvo.
Cai a noite e acordam as trevas. O submundo dispersa por entre o olhar dominador do seu senhor, que dirige inflamadamente as sedentas hostes, guardiãs do reino da noite.
Mas eis que num silêncio ensurdecedor soa o toque de um sino ao amanhecer...e no entanto não é a luz que dita o recolher obrigatório, mas o sino, que anuncia a alvorada sussurrando..."até logo".
10 Minuta.
Vencedor da edição de 2002 dos Prémios Europeus de Cinema,
na categoria de Melhor Curta-Metragem.
Uma película fantástica, onde a sensação de continuidade temporal (desenhada pela ausência de cortes) imprime um dinamismo imersivo no espectador, tornando-o co-actor. A continuidade implica a participação do espectador na totalidade do decorrer da acção, e isto por duas razões:
1. O tempo não é quebrado. Se a acção não é interrompida, nada está a escapar ao espectador, a não ser aquilo que não é percepcionado pelo único plano assumido, o que nos leva ao ponto seguinte.
2. Não existem mudanças de planos. A acção é entrevista a partir de um só ponto, imitando a percepção humana, como se a câmara agisse enquanto extensão da retina do espectador, a qual absorve o seu ponto de vista, que é único.
Aqui a representação do real não decorre de uma montagem, mas de uma experimentação na continuidade. A realidade não é, então, construída...é experimentada em 10 minutos.