sexta-feira, abril 21, 2006

Obesidade Mental.

Foi em 2001 que o prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro Mental Obesity, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito de obesidade mental para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses».

Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação».

O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma "alimentação intelectual" tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada».

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado Os Abutres, afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular». O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais».

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.

Não se trata de uma decadência, uma "idade das trevas" ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo, mais que de reformas, desenvolvimento, progressos, precisa sobretudo e urgentemente de dieta mental».

(Recebido por e-mail há pouco tempo)

sexta-feira, abril 14, 2006

O que é a profundidade?

Um koan - curto relato instrutivo ou meditativo - atribuído a Tchao-Tchan, diz o seguinte. Um discípulo pergunta ao seu mestre qual é a profundidade do rio Zen.
- Três polegadas - responde-lhe o mestre.
- Então - pergunta o discípulo - quem pode nadar nesse rio?
- A montanha.



in CARRIÈRE, JEAN-CLAUDE, "La cercle des menteurs"
(Trad: "Tertúlia de Mentirosos", Teorema, 1998)

Uma voz na noite.

Um curto poema persa diz-nos:
- A noite passada uma voz murmurou ao meu ouvido: «Uma voz que de noite murmura ao teu ouvido, não existe.»



in CARRIÈRE, JEAN-CLAUDE, "La cercle des menteurs"
(Trad: "Tertúlia de Mentirosos", Teorema, 1998)

domingo, abril 09, 2006

Harmonizações.

Tema: "Glória, Honra e Louvor", de F. Santos.

1. Aqui: Exposição do tema, seguido de harmonização.
2. Aqui: Formato midi para os mais curiosos.
3. Aqui: Mistura final apenas com a harmonização, para quatro vozes imitadas em quarteto de cordas.




(Harmonizar as relações humanas é bem mais difícil)