The Dark Knight.

Espantoso.
Há demasiado material para ponderar,
haverá demasiado material por ponderar.

Joker, um anarca agente do caos, uma tempestade que testa a solidez da "sã moral". Sem moral - "sã" - diverte-se a virar cada um para si mesmo, uma vez hipnotizada a lucidez pelo eco do seu escárnio diabólico, assume-se assomando como verdadeira encarnação da prova. Será a verdade pressionada, toda a verdade?

Joker desafia o controlo, desarma o esquema, desmascara a pessoa. Para ele, o mundo é que se revela uma verdadeira anedota. É uma farsa, um embuste que concilia o cinismo, com a ilusão de que a vida se controla, se tenta proteger a si mesma tentando controlar o mundo, submetendo-o à uniformidade da regra. Mas as regras de Joker não são uniformes, não são unívocas. Serão, quem sabe, universais?

O Herói desmascara a facilidade do mal, Joker desvela a fraqueza do bem. Joker age, o Herói reage.

A força imparável de um, é rocha firme do outro. Sem ceder, jamais algum se abandona à luxuriante obsessão do poder, essa malha abissal, na qual o vulgo mortal tão facilmente se enreda. Joker não precisa de poder, mas precisa do Herói. Será que o Herói precisa de Joker?

Joker vê a futilidade da vida. Provoca a morte, goza-a, supera-a. Nele, o medo dela não surte efeito, porque este não existe. Assim pois, também ela desaparece...e dá lugar à vida em espasmo, incapaz de perdoar a vida inane. Para ele, a verdadeira loucura espelha-se na frivolidade, na futilidade, na falsidade. Um forte fortíssimo - fff - que estala ruidosamente ao ouvido da sua justiça.

"Não, não sou louco".

Não, não és.

.

Película de uma qualidade impressionante: irrepreensível no elenco, no campo imagético, no campo sonoro, no enredo. Um patamar, para filmes do género, seguramente inalcançado até agora. A força dos personagens, e a vertiginosa relação que tecem entre eles no clima tempestuoso de uma Gotham - real - afundada nas trevas (da anarquia, ou da falsidade?) fazem deste filme um marco na série dos filmes feitos sobre o Herói.

Honra seja feita ao trabalho de Burton. Muita da sua poesia serviu de inspiração ao ainda jovem Nolan (admitiu-o ele mesmo). Mas em The Dark Knight estamos num outro nível. Consegue-se um equilíbrio espantoso entre uma quase constante sequência de clímaxes - típicas da vertigem patente nos filmes do género - e um inequívoco perscrutar do questionamento, dos fundamentos do ser - social por natureza -, da busca da verdade que não se quer mostrar, do reconhecimento da verdadeira essência do herói, que é dar a Vida abdicando da vida.

Este não é apenas um filme de super-heróis, é um filme de e para super-heróis. Heath Ledger, como Joker, será, talvez, o maior deles.

Talvez seja caso para dizer:
Obrigado Tim. Obrigado Jack. Mas agora, por favor, retirem-se:
O Cavaleiro das Trevas chegou.

It's today.

“Some men aren’t looking for anything logical, like money.
They can’t be bought, bullied, reasoned or negotiated with.

Some men just want to watch the world burn."

Dia 24.

When asked, "Why Heath Ledger as the Joker?"
Christopher Nolan said, "Because he's fearless."

Gaspard de la Nuit.

Argerich, mais uma vez, neste poema sobre a vida,
mas sobretudo, a morte.

O segundo andamento, musicado em torno do poema
Le Gibet (A Forca), apresenta um fundo em Si bemol tocado 153 vezes:

"Ah! o que ouço, será o latir da nortada nocturna, ou o enforcado
que solta um suspiro no patíbulo do cadafalso?
.
Será algum grilo que canta alapado no musgo e na hera estéril
de que por compaixão reveste a madeira?
.
Será uma mosca à caça tocando o clarim em roda desses ouvidos
alheios à fanfarra dos hallalis?
.
Será um escaravelho que colhe em seu voo desigual um cabelo
sangrento no seu crânio calvo?
.
Ou será uma aranha que borda meia vara de musseline para
gravata dessa gola estrangulada?
.
.
.
É o sino que tine nos muros da cidade, debaixo do horizonte, e
a carcaça de um enforcado envermelhada pelo pôr do sol"...


.


A hora já está marcada, e é inamovível.



Ensina-me, ó Poeta,
a beijar a morte
nos lábios da vida...
.
.
.
A hora já está marcada, e é inamovível.
.
Beija-me.

Para ti.

Este é um post só para ti.

Escolhi a música mais bela que conheço para o acompanhar.
Ouve-a enquanto lês, pois também ela fala, também ela te fala.

Não é uma despedida, é um reconhecimento.
Mostraste-me o teu mundo,
a tua música,
as tuas letras,
o sabor de palavras que desconhecia,
muitas boas, algumas más,
mas todas ricas, e sentidas.

Percorremos o mundo de mão dada,
beijámo-nos como se não houvesse amanhã,
abraçámo-nos entre risos e lágrimas,
entre o cheiro das manhãs quentes
e as nuvens tempestuosas do passado.

Ajoelho-me hoje.
E ergo os braços ao céu.
Rezarei por ti, onde quer que estejas,
para que Ele, que é o autor de tudo,
e que sabe de tudo quanto precisas mesmo antes de o pedires,
ilumine o teu caminho, guie os teus passos, te fortaleça o espírito,
e assim te conduza ao silêncio.
Àquele silêncio que só algumas almas são capazes
de escutar.

Não é uma despedida, é um reconhecimento.
Todos os caminhos verdadeiros têm curvas,
têm buracos, têm pedras,
às vezes grandes demais para serem desviadas,
às vezes suficientemente grandes para taparem o Sol,
mas Ele continua lá, e é só Ele quem realmente existe,
não a sombra, que se mostra como presença
mas que sobrevive apenas na ausência da Luz.

A vida há-de estar continuamente a ensinar-nos,
e a mostrar-nos que o tempo é curto.
Vivemos com o machado da ampulheta sobre as nossas cabeças,
sem sabermos o momento final.
E a inevitabilidade desse momento chama por nós,
grita-nos ao ouvido,
e se nós deixarmos,
ao coração.

E aí, no silêncio do nosso quarto,
podemos dar graças,
pelo mundo que nos rodeia,
pelo amor que nos completa,
pelo desamor que nos acorda,
mas fundamentalmente,
por podermos estar aqui,
a agradecer o facto de podermos estar a agradecer.

Não é um adeus, nem sequer um até breve,
mas um
estou aqui.
Ajudo-te a caminhar,
ajudas-me a caminhar,
até ao fim.

*AM.

Wagner.

Marcha Fúnebre de Siegfried, Der Ring des Nibelungen

Prokofiev.

Dois grandes génios, na interpretação de outro.
Vladimir Horowitz, seguido de Martha Argerich, na interpretação da Toccata em Ré menor op.11 de Prokofiev.

Um Decálogo Liberal.

"Perhaps the essence of the Liberal outlook could be summed up in a new decalogue, not intended to replace the old one but only to supplement it. The Ten Commandments that, as a teacher, I should wish to promulgate, might be set forth as follows:

1. Do not feel absolutely certain of anything.

2. Do not think it worth while to proceed by concealing evidence, for the evidence is sure to come to light.

3. Never try to discourage thinking for you are sure to succeed.

4. When you meet with opposition, even if it should be from your husband or your children, endeavor to overcome it by argument and not by authority, for a victory dependent upon authority is unreal and illusory.

5. Have no respect for the authority of others, for there are always contrary authorities to be found.

6. Do not use power to suppress opinions you think pernicious, for if you do the opinions will suppress you.

7. Do not fear to be eccentric in opinion, for every opinion now accepted was once eccentric.

8. Find more pleasure in intelligent dissent than in passive agreement, for, if you value intelligence as you should, the former implies a deeper agreement than the latter.

9. Be scrupulously truthful, even if the truth is inconvenient, for it is more inconvenient when you try to conceal it.

10. Do not feel envious of the happiness of those who live in a fool's paradise, for only a fool will think that it is happiness."

"A Liberal Decalogue" encontra-se em The Autobiography of Bertrand Russell, Vol. 3: 1944-1969, pp. 71-2.

Da Felicidade - I.

O primeiro de uma série de posts sobre a felicidade. Abordaremos mais adiante autênticos tratados sobre a vida feliz, provindos de grandes personagens da história do pensamento, como Aristóteles, Bertrand Russel, Schopenhauer, entre outros.

Mas por agora, fiquemo-nos com as dicas, simples, de um site da "especialidade", o positivityblog.com, um espaço que colecciona ditos de gente grande.

How to Find Happiness: 7 Timeless Tips from the Last 2500 Years

1. You choose.

Most people are about as happy as they make up their minds to be.
Abraham Lincoln

Very little is needed to make a happy life; it is all within yourself, in your way of thinking.
Marcus Aurelius Antoninus

The world of those who are happy is different from the world of those who are not.
Ludwig Wittgenstein

How you view yourself and your world are conscious choices and habits. The lens you choose to view everything through determines how you will interpret what is happening. And from your interpretation you act. And all of this becomes your life.

You can choose to find happiness in small, everyday things. You can choose to interpret what happens in a positive way. Or in a negative way. And your choices controls much of how much happiness you will find and create in your life.

2. Focus on the present, not yesterday or tomorrow.

When one door of happiness closes, another opens, but often we look so long at the closed door that we do not see the one that has been opened for us.
Helen Keller

The foolish man seeks happiness in the distance, the wise grows it under his feet.
James Oppenheim

You only have now. And now. And now. Yesterday is a memory and you cannot change it. Tomorrow is just a fantasy in your mind right now. So live more in the now, focus on the present moment and today. Think and worry less about yesterday and tomorrow. Otherwise you might miss a great deal of happiness that is available to you right now.

3. Don’t forget to be grateful.

Man is fond of counting his troubles, but he does not count his joys. If he counted them up as he ought to, he would see that every lot has enough happiness provided for it.
Fyodor Dostoievsky

We tend to forget that happiness doesn’t come as a result of getting something we don’t have, but rather of recognizing and appreciating what we do have.
Frederick Koenig

Let us be grateful to people who make us happy, they are the charming gardeners who make our souls blossom.
Marcel Proust

One of the simplest and quickest ways to turn a negative and sour mood into a more positive one is to be grateful. A few things you can feel gratitude for are for instance: The sunshine and the weather. Your roof. Your health. A good TV-show, a movie or a song. Your friends, family, co-workers and just about anyone walking down the street.

Just try if for a minute and see how it changes how you feel. And it’s a win/win solution. You feel great because you are grateful about your world and the people you are grateful for feel great too because they feel appreciated. So don´t forget about gratitude or you may forget about the happiness that is already in your life.

4. Help someone else find happiness.

Since you get more joy out of giving joy to others, you should put a good deal of thought into the happiness that you are able to give.
Eleanor Roosevelt

Thousands of candles can be lighted from a single candle, and the life of the candle will not be shortened. Happiness never decreases by being shared.
Buddha

If you want happiness for an hour — take a nap. If you want happiness for a day — go fishing. If you want happiness for a year — inherit a fortune. If you want happiness for a lifetime — help someone else.
Chinese Proverb

Happiness is like a kiss. You must share it to enjoy it.
Bernard Meltzer

This is certainly one of the most popular ideas I’ve found about happiness. And it might sound clichéd and empty. But it works very well. When you make someone else happy – by, for example, helping them with something - you can sense, see, feel and hear it. And that happy feeling flows back to you. And then, if you’d like, you can boost you own ego by thinking something like: ”Wow, I really made him/her happy!”.

And since the Law of Reciprocity is strong there is another upside. People will feel like giving back to you. Or they might feel like helping/sharing it with someone else. And so the two – or more – of you keep spreading the happiness.

5. Get rid of a couple of your less valuable desires.

If thou wilt make a man happy, add not unto his riches but take away from his desires.
Epicurus

You can never get enough of what you don’t need to make you happy.
Eric Hoffer

That man is richest whose pleasures are cheapest.
Henry David Thoreau

If you want less instead of more, more, more then your desires are more likely to be fulfilled. And if you throw away a few of those desires that you may not really want or need that much anyway you’ll probably start to feel less stressed and worried. This is a calmer and better place to be to enjoy your day (tip #2) and to take the time to discover the happiness that is already in your life (tip #3).

6. Do what you like to do.

Success is not the key to happiness. Happiness is the key to success. If you love what you are doing, you will be successful.
Albert Schweitzer

Happiness is not in the mere possession of money; it lies in the joy of achievement, in the thrill of creative effort.
Franklin D. Roosevelt

A pretty obvious one. But it’s still easy to trap yourself into doing what you don’t want to for many, many hours. And seldom do what you really love to do. And I guess this one ties into tip #1. You may not be able to choose to do what you want to do right now. Or for many hours each day or week. But you almost always have a choice to do more of what you really want to do. There is always time. Or time you can free up. You have a choice.

7. Or at least do something.

Action may not always bring happiness; but there is no happiness without action.
Benjamin Disraeli

Twenty years from now you will be more disappointed by the things that you didn’t do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbor. Catch the trade winds in your sails. Explore. Dream. Discover.
Mark Twain

One of the best ways to not find happiness is just to hold yourself back and do nothing. Seldom show up. Paralyze yourself through over analysis. It’s not always easy to take action, it can be scary and hard and difficult. But if you don’t take action you’ll be missing out on a lot. Including many moments, people and experiences that can bring you a lot of happiness.

MJ.

Man In The Mirror


Will You Be There

É quando a arte se manifesta a partir das entranhas, do consumo do próprio ser, que sabemos estar perante um génio. E é quando a intenção artística pretende fazer do ouvinte um co-criador, que sabemos estar perante um fenómeno genuinamente religioso.